Seleção pagou o preço pela falta de atitudeQuando falei aqui sobre o tal "quarteto mágico" da Seleção, e chamei a atenção para a falta que Ronaldo poderia fazer no quesito experiência, eu não esperava que esse mesmo quarteto apresentaria falhas tão grotescas quanto no jogo de quarta à noite.
Falhas na defesa do Brasil são corrriqueiras.
Juan e
Roque Jr. estavam adiantados demais quando não deviam estar. E os volantes não impediram que aquela bola chegasse a Crespo. Aí disseram... "o
Cafu não saiu para fazer o impedimento". E desde quando o Brasil joga em
linha de impedimento? Isso nunca foi e nunca será característica da nossa Seleção. A defesa precisava de um "xerifão" para orientar a zaga nesse setor.
A defesa também falhou no segundo gol de Riquelme. Deixar aquele homem livre para chutar é burrice. Nosso volante,
Émerson, não fez nada. Não marcou Riquelme. Lucho González e Sorín também estiveram livres o tempointeiro. Só resta lamentar a contusão de
Juninho. Mas espera... tínhamos
Renato. Por que Renato não entrou como titular? Com as mesmas características de Mascherano, Renato entrou bem deu mobilidade ao jogo no segundo tempo. Edu também poderia ter sido uma boa solução.
E o terceiro gol... bem, gol de cabeça. Acontece. Mas nossa defesa não sobe. Quem sabe se tivéssemos um zagueiro como
Fábio Luciano - continuo defendendo um teste para esse rapaz.
Chegamos então ao ataque. Aquele que questionei a experiência. Bem... o
Ronaldinho é o melhor do mundo. Mas atua na Espanha - um país que arma sua marcação por zona, e não homem a homem. Lá ele tem espaço para seus malabarismos. Aqui, foi anulado pelo forte esquema de marcação argentino. E deixou por isso mesmo. O jovem Mascherano, de 20 anos, River Plate, desmanchou o jogo do Melhor do Mundo. Faltou experiência e carisma a Ronaldinho para encarar essa situação. O meia-atacante, de 25 anos, deveria ter chamado a responsabilidade para si. Ele era o líder daquele quarteto.
Robinho buscou seu jogo. Mas não encontrou. Esse sim, ainda tem que ganhar muita experiência. Tem que calejar mais. Foi seu primeiro Brasil-Argentina profissional. O mais correto seria Parreira ter deixado o menino no banco, adiantado mais Ronaldinho e escalado Renato. Ou
Ricardinho. Robinho entraria no segundo tempo. Ganharia sua experiência.
Adriano não jogou. Tá certo que a dupla Ronaldinho-Robinho falhou em levar a bola até nosso centroavante, mas, mesmo assim, Adriano teve suas oportunidades. O Imperatore da Inter de Milão perdeu duas boas oportunidades que um "
delantero" não pode desperdiçar. Aquele gol que Adriano marcou na final da Copa América foi salvador naquele jogo. Mas Adriano não é atacante para encarar a Argentina e foi anulado. Para encarar a defesa Argentina, a forte marcação alveceleste, tem que ser um atacante habilidoso como o Ronaldo. Poderia ser
Ricardo Oliveira. Adriano, com seu jogo de força, foi facilmente neutralizado. Sumiu em campo.
Kaká foi sem dúvida o destaque do Brasil, foi aquilo que nenhum outro dos jogadores foi - especialmente os do "quarteto mágico". Se apresentou o tempo todo, buscou jogo, mostrou muita maturidade em campo, encarou os argentinos (principalmente seu rival Kily González) e, o mais importante, chamou a resposabilidade para si. Kaká jogou pela Seleção tudo o que ele joga no Milan e foi gigante em campo. "Passa pra mim que eu resolvo". Infelizmente, sozinho Kaká não resolve. Mas foi muito bem. Esse sim é candidato a grande destaque na Copa do Mundo.
Há quem diga que o Brasil "reagiu no segundo tempo". Isso não aconteceu do meu ponto de vista. A Argentina apenas recuou confiando no seu forte esquema defensivo. O Brasil continuou impotente quanto a quebrar a marcação alveceleste e o ataque foi ineficiente. "Mas pelo menos o Brasil atacou". Bom, se nem isso a Seleção tivesse feito, a decepção seria ainda maior.
Melhor em campo pelo Brasil: Kaká, o único que pôs seu jogo em campo.