Colunas e críticas sobre o futebol do presente e do passado. Análise das partidas e da atuação da Seleção, escalações, Campeonato Brasileiro e opinião dos colunistas. Cobertura do futebol nacional e internacional rumo à Copa do Mundo.

Redator publicitário e estudante de publicidade, pretendendo cursar jornalismo. Torcedor do Corinthians (SP). Grande fã do Ryan Giggs e de vários jogadores brasileiros, da Seleção de 70 e de 82 e de todos os grandes craques do passado.

Atualmente estudando para o Vestibular 2006, pretende cursar comunicação social na UFMG. É torcedor do Palmeiras e apreciador dos times europeus. Seus ídolos no futebol são Pelé, Zidane, Rivaldo e Ronaldo.
Torcedor do Santos, faz cursinho preparatório para Comunicação Social. Apaixonado por futebol nacional e internacional. Seus jogadores favoritos são Renato e Zidane.
Estudante do 7.º período de Administração na UFV. Aprendeu a acompanhar futebol com os olhos da razão, sem ‘torcedismos’. Fã dos jornalistas Paulo Vinícius Coelho e Juca Kfouri. Na Copa do Mundo não vai torcer pela Seleção, por não apoiar a CBF.
30 setembro 2005
MEMÓRIA - Copa do Mundo da Itália 1990
Para a pior Copa do Mundo da história, entrou uma Seleção Brasileira idem...

Dando início à Série Copas do Mundo, onde a cada fim de mês vamos repassar as principais derrotas e vitórias da Seleção Brasileira em Copas, começamos por aquela que é considerada por muitos a pior Copa de todos os tempos.

24 países participaram da 14ª edição da Copa, sendo 14 européias (Itália, Alemanha, Inglaterra, Tchecoslováquia, Áustria, Romênia, União Soviética, Escócia, Suécia, Iugoslávia, Espanha, Bélgica, Holanda e Irlanda), 4 sulamericanas (Argentina, Brasil, Colômbia e Uruguai), duas centro-norte americanas (Estados Unidos e Costa Rica), duas asiáticas (Coréia do Sul e Emirados Árabes Unidos) e duas africanas (Camarões e Egito).

A Seleção Brasileira era comandada por Sebastião Lazaroni, e nas Eliminatórias passou fácil por Venezuela e Chile - jogo onde um foguetão foi atirado no campo do Maracanã e gerou uma farsa do goleiro Rojas que se cortou e disse ter sido atingido pelo objeto.

Hoje em dia, olhando para aquela Seleção, dá pra entender porque perdemos tão fácil a Copa. Formado pela base das Seleções campeãs mundiais juvenis em 1983 e 85 e no time medalha de prata em Seul 88, aquele time era estranho... a lendária camisa 10 era usada por Silas, um reserva. Dunga, volante, era tido como a referência da Seleção; na zaga, Mauro Galvão fazia o papel do zagueiro "líbero" e no ataque, o único verdadeiro destaque do time: Careca. Romário, promessa do futebol Brasileiro, se contundiu três meses antes da Copa e não pôde fazer muito pela Seleção.

Pelo grupo C, o Brasil teria pela frente Suécia, Costa Rica e Escócia. Com dois gols de Careca, o Brasil venceria a Suécia por 2 X 1 na estréia. Depois, duas vitórias simples de 1 X 0 contra Costa Rica e Escócia, e o Brasil se classificaria para as oitavas de final como líder do grupo. Romário entraria em campo contra a Escócia, sua única participação na Copa do Mundo.

No entanto, embora a Seleção não encantasse, não se via no Mundial nenhuma seleção que estivesse tão acima. A Argentina de Maradona perdeu na etréia para Camarões, 0 X 1, e terminaria seu grupo em terceiro lugar após empatar com a Romênia em 1 X 1. A Itália de Salvatore "Toto" Schillaci teve dificuldades para vencer Áustria e EUA, ambos por 1 X 0. A Inglaterra que tinha a esperança de finalmente conquistar mais um mundial se arrastou para vencer o Egito por 1 X 0 - após empates magros com a Holanda em 0 x 0 e Irlanda por 1 x 1. E a Alemanha, do frio Lothar Matthäus e do goleagor Jürgen Klinsmann, após voar contra a Iugoslávia (4X1) e Emirados Árabes (5X1) empatara com a Colômbia em 1x1.

Pela segunda rodada das oitavas-de-final então, Brasil e Argentina mediriam forças. E fizeram aquele que, sem dúvida, foi o melhor jogo do Mundial. "Ainda lembro do som das bolas batendo no travessão", diz o goleiro argentino Goycochea. Com Careca e Müller no ataque, o Brasil bombardeava a Seleção Argentina, e nunca se viu tantas bolas na trave num mesmo jogo quanto naquele. O time da Argentina não era tão fraco e vinha agüentando muito bem a pressão. No entanto, tinha o que o Brasil não tinha - e o que viria a ser a razão da eliminação brasileira. Um craque, talento individual que chamasse a responsabilidade. Com seu pé certeiro, Maradona se livrou de três marcadores elançou Caniggia que, sem muitas dificuldades e se aproveitando da falha da zaga Mauro Galvão-Ricardo Rocha, passou por Taffarel e marcou o gol da Argentina.

Lazaroni bem que tentou um time mais ofensivo e sacou o zagueiro Mauro Galvão e o volante Alemão para entrada dos ofensivos Renato Gaúcho e Silas. De nada viria a adiantar. A Argentina e seu oportunismo venceriam o jogo, e o Brasil cairia nas oitavas-de-final.
O lateral-esquerdo brasileiro, Branco, viria a acusar os argentinos de terem lhe servido uma água que o deixou tonto - sabe-se lá o que tinha na tal água. Mas ficou bem claro que, com água ou não, o Brasil não tinha no time alguém capaz de quebrar aquela Argentina.

Sem o Brasil pelo caminho, argentinos desclassificariam Iugoslávia e as donas da casa Itália nos pênaltis, com a estrela do goleiro oportunista Goycochea brilhando, e chegariam à final, contra os alemães.
A contestada Seleção Alemã treinada pelo "kaiser" Franz Beckenbauer passaria por Holanda e Tchecoslováquia, para tirar nos pênaltis os favoritos ingleses de Gary Lineker e Paul Gascoigne na semi-final.

Com Argentina e Alemanha frente a frente, pela primeira vez na história uma final de Copa do Mundo se repetiria, e de maneira consecutiva.

Enquanto a Itália ganhava o bronze ao bater os ingleses por 2 X 1 - esse quarto lugar foi o melhor resultado da Inglaterra desde o título mundial de 1966, os Argentinos não teriam forças para superar a Seleção Mecânica Alemã do meia-armador Matthäus. Brehme faria, de pênalti, o gol que garantiu o tri-campeonato a Alemanha - título que desde 82 que a Alemanha perseguia, chegando sempre à final e perdendo. Num jogo frio, como fora toda aquela Copa, a Alemanha se tornou a dona do mundo.

A Seleção Brasileira
Goleiros: Taffarel (Internacional), Acácio (Vasco) e Zé Carlos (Flamengo)
Laterais: Jorginho (Bayern Leverkusen-ALE), Mazinho (Vasco) e Branco (Porto-POR)
Zagueiros: Aldair (Benfica-POR), Mauro Galvão (Botafogo), Mozer (Olympique Marseille-FRA), Ricardo Gomes (Benfica-POR) e Ricardo Rocha (São Paulo)
Meias: Bismarck (Vasco), Silas (Sporting-POR), Tita (Vasco) e Valdo (Benfica-POR)
Atacantes: Bebedo (Vasco), Careca (Napoli-ITA), Müller (Torino-ITA), Renato Gaúcho (Flamengo) e Romário (PSV-HOL).
thiagoleal | 11:23 AM |
28 setembro 2005
Dois pra lá, dois pra cá
Quatro equipes brigando pelo título. Duas mantêm treinador, duas apostam em técnicos rodados e experientes

Dos times que conquistaram o Campeonato Brasileiro, pelo menos em história recente, apenas um deles trocou de treinador e conquistou o campeonato: o Atlético Paranaense em 2001, quando mudou do Mário Sérgio para o Geninho. OK, o Vasco em 2000 demitiu o Oswaldo Oliveira para puxar o Joel Santada. Mas isso foi na véspera da final e o Oswaldo certamente ganharia o campeonato. Tanto que a Placar dá crédito aos dois treinadores...

Internacional, Corinthians, Fluminense e Santos estão entre os clubes que brigam pelo título hoje. No entanto, a política quanto ao homem que comanda o time lá do banco parece ser diferente de equipe para equipe.

Quem trocou...

Corinthians - Antônio Lopes é o quarto técnico do ano no Parque São Jorge. Primeiro, Tite foi mantido do ano passado. Não deu. Márcio Bittencourt assumiu como interino. Veio Passarella que começou bem e, depois de sua crise de estrelismo, afundou a equipe. Demitido. Márcio então assumiu efetivamente, pegando o Timão em 20º lugar e o colocando na liderança. No entanto, nunca foi unanimidade e sempre via seu cargo balançar. Apesar da boa campanha, Márcio é inexperiente e nunca deu um padrão de jogo ao Corinthians - que vencia suas partidas mais no talento individual do time. Hora substituia bem, hora não. Deu o título do 1º turno mas, desde que perdeu a liderança, não a encontrou mais. Partidas como o recente empate em 1X1 com o Atlético Mineiro em casa fizeram a diretoria mudar de idéia quanto ao Márcio. "Ele é um bom treinador, mas é inexperiente e essa inexperiência pode comprometer o campeonato", alegou a diretoria. Antônio Lopes é uma boa opção. No entanto, Márcio tinha o carinho da equipe, e o trabalho pode ser comprometido se o grupo não ganhar simpatia por Antônio. Fora isso, A. Lopes, experiente, pode dar conteúdo ao clube e torná-lo mais seguro, a ponto de não cometar falhas como os empates com o Botafogo e o Atlético. É pagar para ver. Mas o Corinthians poderia ter tomado o posicionamento de um "treinador experiente" mais cedo, se era pra não manter o Márcio no cargo...

Santos - Gallo assumiu a ádua missão de substituir Luxemburgo. Nunca despontou. Há quem diga que o problema foi as perdas de peças por parte do Peixe - perdeu Robinho, Léo, Deivid... no entanto, Gallo chegou a comandar essa turma e nunca fez grandes coisas, venhamos e convenhamos. Sempre segurou o Santos lá em cima, mas sem convencer. Foi eliminado na Taça Livertadores e, com Ricardinho e a volta de Giovanni, bancou contratações erradas, como a de Léo Lima. OK, trouxe Kléber, uma boa opção. Mas o lateral esquerdo até agora não fez grandes apresentações. O Santos também nunca teve um goleiro. Tápia, Henao, Dôni, Júlio Sérgio... e agora Saulo. Todos com falhas que comprometeram resultados em algum lugar. Quando chegam dois reforços para o ataque, Cláudio Pittbull (!) e "um tal de" Luizão, o Santos vê o Corinthians mudar de treinador, especular Nelsinho Baptista e pegar o A. Lopes. Aí vai o Santos e cata o Nelsinho, demite o Gallo com a direção alegando... "ele é inexperiente e essa inexperiência pode comprometer o campeonato!" Opa! Já ouvi isso em algum lugar? Há quem diga que a demissão de Gallo seria um "Efeito Corinthians". Afinal, vai que o Corinthians opta por um nome experiente, ganha o campeonato... e o Santos, que ficou com um novato? Verdade ou não, o Santos vai pra ser terceiro treinador no ano. É pagar para ver.

Quem manteve...
Abel Braga está no Fluminense desde o começo do ano, e Muricy... bem... está no Internacional há três temporadas, com uma pequena interrupção em 2004. Os dois apresentam a mesma característica dentro dos seus clubes: segurança. Se mostram firmes e ajudam a equipe a segurar resultados importantes, ganharam campeonatos estaduais. E contam com nomes de confiança. Abel tem Leandro, Pretto, Gabriel, Tuta e, agora, o Petkovic em ótima forma. Muricy conta com Fernandão, Rafael Sóbis, Edinho, Jorge Wágner, Tinga e o recente reforço de Iarley. E todos dizem com muita segurança que serão campeões brasileiros. É o caso que não precisa pagar pra ver. Os dois times mantiveram uma base sólida e um certo planejamento.
thiagoleal | 3:04 PM |
25 setembro 2005
Rodada do Brasileirão
Mesmo com escândalo de arbitragem, Campeonato tem rodada de muitos gols

Sem dúvida o equilíbro da parte de cima da tabela é o grande trunfo desse Brasileirão. À despeito do escândalo envolvendo o árbitro Edílson Pereira de Carvalho, a rodada do fim-de-semana ocorreu sem grandes problemas e mantém a briga acirrada pelo título.

De grão em grão...
O Inter foi surpreendido pelo Atlético Mineiro - assim como o Corinthians na quinta-feira. Jogando no Mineirão, o Galo sofreu aos 17 do segundo tempo o gol do Inter, marcado pelo volante Tinga - no entanto, com personalidade e paciência para buscar resultado, empatou aos 33, com gol do recém-reagregado Rodrigo Fabri, o Atlético empata - e segue sua marcha para sair da zona de rebaixamento. E mais importante: impediu que o Inter abrisse grande vantagem. Apenas um ponto o separa de Corinthians e Fluminense.

Novamente, Máquina Tricolor
O SPFC não toma conhecimento do Paysandu e atropelou o clube paraense por 4 x 1 no Morumbi. O São Paulo agora é o time com maior seqüência de vitórias no campeonato - seis, e já está na zona de classificação da Copa Sulamericana. Finalmente a fera acordou de sua hibernação pós-tri da Libertadores.

Em time que se ganha... se mexe!
Mesmo com a vitória de 3-1 sobre o Flamengo fora de casa, Márcio Bittencourt cai no comando do Corinthians. A diretoria deu o aviso prévio no Sábado, anunciando hoje a contratação de Antônio Lopes. Apesar de Lopes ser uma boa opção, o Corinthians pode ter aberto mão de revelar um bom treinador - como fez com Oswaldo Oliveira em 99. O Timão está na vice-liderança.

Rodada: Palmeiras venceu o Goiás por 3 a 1 e segue na sexta colocação. O Esmeraldino no entando cai para quarto; São Caetano decepciona novamente e cede empate ao Brasiliense, 1-1; Paraná e Fortaleza empatam em 2-2 e os dois clubes seguem com campanha surpreendente; Coxa abate Vasco por 2-0; Figueira vence Furacão por mesmo placar e é o primeiro na lista dos que lutam para deixar o rebaixamento; Bota e Juventude não saem do zero; Cruzeiro vence de forma heróica a Ponte Preta, 3-2 de virada, e finalmente consegue uma vitória no Campeonato.

Saldo final: Inter tem 51 pontos e segue líder, mas a diferença para o vice-líder caiu de três para um ponto. O Corinthians chega aos 50 e volta à vice-liderança e o Fluminense, com o mesmo número se pontos, mas uma vitória a menos, sobe para 3º. Goiás, com 47 e uma vitória a mais que o Santos cai para 4º após sucumbir ao Palmeiras; e Santos ocupa a 5ª colocação, já fora da zona de classificação à Libertadores. Em 6º está o Palmeiras com 45 pontos.

Jogo da rodada: Fluminense 4 X 3 Santos
Provando que seu grande trunfo é o coletivo, o Fluminense consegue vitória sobre o rival Santos, em jogo de seis pontos, após estar perdendo por 2 X 0. O Peixe se permitiu levar o empate de 2-2, pulou à frente novamente com falha do goleiro tricolor Kléber - mas o Flu conseguiu o empate em lance de sorte de Leandro, que tentou cruzer e marcou o terceiro - e aos 49min do 2º tempo, Gabriel marcou o gol da virada. 4-3.
Estrelismos de Petkovic, Tuta e o nervosismo de Leandro à parte, o Fluminense impõe seu jogo coletivo para superar os adversários - e com o frágil time santista não foi diferente. Atuação destacada de Gabriel e dos seus volantes - Arouca e Radamés, que entrou no segundo tempo. Dos times que disputa o título, o Santos é o que apresenta mais problemas. Não tem força na defesa, falha em lances simples e não tem mais velocidade para puxar contra ataques - Ricardinho ás vezes trabalha sozinho.

Decepção da rodada: Santos (novamente)
Mais uma vez o Santos expõe seus pontos fracos e se deixa abater. Perder aos 49 do segundo tempo após estar vencendo durante todo o jogo é um banho de água gelada daqueles.

Craque do fim-de-semana: Carlos Tevez, atacante do Corinthians
"Carlitos" deu um cala-boca no dirigente do Flamengo, Márcio Braga - que havia declarado que seu time daria uma lavada no Corinthians. Com sua classe e habilidade, Tevez superou a defesa Flamenguista mesmo sendo muito marcado e marcou dois gols na vitória de 3-1 do Timão.
Pereba do fim-de-semana: Kléber, goleiro do Fluminense
Quando o jogo contra o Santos empatava em 2-2, Kléber falha novamente em bola simples e por pouco não compromete o seu clube novamente - deu sorte pela eficiência do ataque do Tricolor. Kléber se posiciona mal, sai do gol mal e ainda faz a maior pose. Pereba!!
Troféu sinceridade: Leandro, atacante do Fluminense
Diferentemente de jogadores que tentam cruzar, marcam gols e dizem que "viram o goleiro adiantado", Leandro admitiu que sua intenção foi cruzar a bola e, por acaso, a bola entrou. Troféu sinceridade para ele!
thiagoleal | 8:06 PM |
24 setembro 2005
Apito amigo e mafioso
A máfia volta à tona no futebol brasileiro

Não é de hoje que a máfia se relaciona com o futebol - e com os esportes em geral.

Em 1919 aconteceu nos Estados Unidos o "Escândalo Black Sox", quando o time de beisebol Chicago White Sox teria sido acusado de entregar a série final da liga (chamada World Series - Série Mundial) ao time Cincinnati Reds. O resultado na investigação acabou com a exclusão de oito atletas do esporte profissional, incluindo "Shoeless" Joe Jackson, para muitos o maior jogador de beisebol da história.

Falando de futebol, ao longo desses anos muita polêmica envolvendo a máfia aconteceu. Por exemplo, na Copa de 1934, o ditador facista Benito Mossolini teria se encontrado para um jantar reservado com o ábitro sueco Eklind nas vésperas da partida final entre Itália e Tchecoslováquia. Ninguém sabe o que os dois conversaram. E a Itália se sagrou campeã.

Na copa de 66, sediada pela Inglaterra, todos acharam estranho que, enquanto todos as outras seleções viajavam por todo o país para disputar seus jogos, a Seleção Inglesa só jogou em Londres, sem se estressar com viagens. Além disso, o comportamento violento dos ingleses em campo não era punido pela arbitragem. E, na partida final, durante a prorrogação, o árbitro suíço Dienst validou o gol de uma bola que bateu no travessão e tocou o chão - a bola tocou 2,5cm ANTES da linha. E o juiz validou o gol. A Inglaterra venceria por 4x2.

Em 78, na Copa da Argentina, para se classificar a final os argentinos tinham que golear o Peru - do contrário, se classificaria a Seleção Brasileira, invicta na competição. O Peru perdeu de 6 a zero, com grandes suspeitas sobre o goleiro peruano, Quiroga, um argentino naturalizado, teria entregue o resultado.

Paolo Rossi, o "carrasco do Brasil" na Copa de 82, já chegou a ser afastado do futebol dois antes da Copa do Mundo por se envolver com a máfia de resultados da Loteria Esportiva italiana.No mesmo inesquecível ano de 82, a revista Placar publicou uma edição especial com capa preta onde denunciava a máfia de resultados para favorecer a Loteria Esportiva.

Falando de história recente, em 2003, Adílson Baptista, então técnico do Grêmio, havia dito a um torcedor que protestava para ele se tranqüilizar, pois o Grêmio já havia "combinado" os resultados das três últimas rodadas.
Esse ano Roberto Tibúrcio, empresário do jogador Quirino, irritado pelo fato do Atlético Mineiro não ter autorizado a venda do atleta ao Real Sociedad (ESP), acusou o clube de, em 2004, dar "bicho" a atletas de outros clubes para que eles vencerem seus compromissos, com clubes que eram adversários diretos do Galo na luta contra o Rebaixamento.
E no Paraná, a chamada Série Preta, seria um esquema de arbitragem para favorecer ao Paraná Clube no campeonato estadual - denunciado por um funcionário da federação local.

Ou seja, o que aconteceu hoje no futebol brasileiro não é nenhuma novidade para nossa realidade, e infelizmente não vem sendo investigada desde antes.
Edílson Pereira de Carvalho, de 42 anos, árbitro da FIFA, foi preso hoje acusado de manipular resultados. A princípio, declarou que não manipulou resultado algum e que sua família estava sob ameaça - Edílson estaria sofrendo crime de chantagem. No entando, mais tarde o árbitro viria a admitir que manipulou, sim, resultados - informação dada por Roberto Porto, promotor da Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo.
A informação dada pelo árbitro, desde já afastado do futebol, é de que sete jogos do Brasileirão (o único mencionado foi Vasco 2 x 1 Figueirense) mais partidas da Libertadores da América e da Copa Sulamericana estariam envolvidas no esquema. Já se fala que na verdade foram 11 resultados só no Brasileirão - o número de jogos que Edílson apitou, e a Globo mencionou no Jornal Nacional que o número pode chegar a 20 - incluindo até jogos de 2004.
Márcio Braga, presidente do Flamengo, e Marco Aurélio Cunha, superintendente do São Paulo, declararam que, embora decepcionados, não estão surpresos com tamanha sujeira no futebol. "É apenas a ponta do iceberg", declarou Marco Aurélio.

O que mais preocupa nesse escândalo é que a CBF vinha se esforçando para fazer um Campeonato justo e decente - um Campeonato sério. Repete pelo 3º ano seguido a fórmula pontos corridos, contrariando a TV Globo que prefere um campeonato com final; não há sombra de virada de mesa, e Palmeiras, Botafogo e Grêmio já provaram do gosto amargo do rebaixamento, mesmo com os problemas da Série B já comentados aqui; a CBF acabou também com a conversa de punição por perdas de pontos - quando os pontos perdidos eram transferidos para o clube adversário da partida, o que provocava grandes reviravoltas na tabela... e, por mais que malhemos o Sr. Ricardo Teixeira - político aqui no Brasil, bom ou ruim, é malhado, ele tem feito um trabalho no mínimo regular a favor de nosso futebol e, na sua 3ª edição, este campeonato já é bem mais emocionante que na 2ª, que por sua vez foi bem melhor que a 1ª. Temos um campeonato bem disputado - seis equipes lutam pelo título hoje. Qual campeonato europeu é tão disputado como o nosso? - Temos público bem melhor no estádio de que tíamos há algum dia - o SPFC colocou 20 mil no Morumbi este sábado.

A média de público melhora a cada ano justamente por causa desse caráter sério que o campeonato vem adquirindo desde que assumiu a fórmula pontos corridos. Com esse escândalo, pode-se revelar que o campeonato não era assim tão sério. E aí todo o esforço vai por água abaixo. Perde-se credibilidade, perde-se confiança, perde-se a moral... perde-se tudo.

Aparentemente, não há envolvimento de clubes no esquema. Os resultados seriam manipulados a favor de um grupo de apostadores em bolões de sites internacionais - que não são permitidos aqui no Brasil. A polícia já vem investigando o caso há algum tempo, e Edílson foi pego através de escuta telefônica. Outros árbitros e assistentes estão sendo investigados.

Edílson já foi afastado do quadro da FPF, CBF e será, certamente, afastado do quadro da FIFA.

Agora começa a entrar em questão a anulação de jogos. Eurico Miranda já se pronunciou querendo a anulação de Vasco 0 X 1 Botafogo - e ele que não é besta disse que Figueirense 1 X 2 Vasco, que Edílson apitou e manipulou, não deve ser anulado.
Se essa questão de jogos anulados começar a acontecer, o campeonato vai desmoronar numa desorganização, vai entrar questão de justiça... e olha que o esquema pode acontecer desde o ano passado e envolver Paulistão, Libertadores...

Ou seja, muita água vai rolar debaixo dessa ponte. E nosso futebol que, aos poucos, em passos lentos, vinha se organizando - a começar pelo Campeonato Brasileiro, agora perde toda a confiança de torcida, de mídia, de todos. A gente, sem dúvida, não merece essa palhaçada.

E que a Placar entre de luto novamente - capa preta para o futebol brasileiro. E tudo que nós, simples mortais amantes do futebol, podemos fazer é lamentar.
thiagoleal | 8:18 PM |
22 setembro 2005
Convocação
Com vaga garantida na Copa, Parreira convoca Seleção para última rodada das Eliminatórias - E começa a definir o grupo que partirá pra Alemanha

A Seleção:
Goleiros Dida (Milan-ITA) Júlio César (Internazionale-ITA) Gomes (PSV-HOL)
Laterais Cafu (Milan-ITA) Cicinho (São Paulo-BRA) Roberto Carlos (Real Madrid-ESP) Gustavo Nery (Corinthians-BRA) Gilberto (Hertha Berlin-ALE)
Zagueiros Juan (Bayern Leverkusen-ALE) Lúcio (Bayern de Munique-ALE) Roque Júnior (Bayern Leverkusen-ALE) Luisão (Benfica-POR)
Volantes Emerson (Juventus-ITA) Gilberto Silva (Arsenal-ING) Renato (Sevilla-ESP) Zé Roberto (Bayern de Munique-ALE)
Meias Ricardinho (Santos-BRA) Juninho Pernambucano (Lyon-FRA) Kaká (Milan-ITA) Júlio Baptista (Real Madrid-ESP) Alex (Fenerbahçe-TUR) Ronaldinho Gaúcho (Barcelona-ESP)
Atacantes Robinho (Real Madrid-ESP) Ronaldo (Real Madrid-ESP) Adriano (Internazionale-ITA) Ricardo Oliveira (Real Bétis-ESP)

São 26 atletas convocados. A FIFA só permite 23 jogadores inscritos na Copa do Mundo. Diferente de Felipão, Parreira não se mostra muito chegado a novidades e manteve o mesmo grupo sempre, com pequenas alterações.
A zaga está fechada. A não ser que alguém se machuque, Parreira certamente não pretende substituir ninguém - não está nem ao menos fazendo novos testes, como acontece na lateral.

Cinco laterais convocados, e Belletti não é um deles. Maurinho e Maicon também não foram lembrados. Parece que Parreira se convenceu com Cafu e Cicinho pela direita. A dúvida é o lado esquerdo. Quem esquenta o banco para Roberto Carlos? O Penta (reserva) Júnior já não está mais nos planos. Parece que Léo também não. Kléber, ex-Corinthians, teve seu teste. Depois se mandou para a Rússia e sumiu. Voltou ao Santos agora. Tarde demais. A disputa está entre os bons Gustavo Nery, melhor jogador do Corinthians depois do Tévez e Gilberto, destaque do Hertha Berlim. O primeiro fez uma boa Copa América. O segundo, uma Copa das Confederações convincente. Será uma boa disputa - mas Parreira não testou G.Nery da última vez. Espero que dê uma chance a ele agora. Versátil, G.Nery é a melhor opção - mas Gilberto parece ter mais pontos acumulados.

Volantes. Gilberto Silva e Renato, OK. Boas opções. Mas Parreira insiste em convocar Emerson e Zé Roberto. O segundo tem feito atuações regulares. Emerson não dá. Os dois volantes são o típico queridinho do Parreira - vide Raí na Copa de 94. Assim, o grupo de volantes também parece fechado, e opções melhores como Edu (Valencia-ESP) devem ficar mesmo de fora.

Pelo meio-campo a briga é boa. Só Kaká e Ronaldinho Gaúcho têm cadeira cativa. Juninho Pernambucano cartamente deve figurar na Copa também, já que sempre mostra ao teimoso do Parreira que tem talento de sobra para jogar. Alex ainda não atuou de forma convincente e pode ter sua última chance - se parreira de fato der essa chance. Ricardinho vem sendo chamado, mas não testado. Essa seria a hora de ver como o bom armador pode servir ao time. E a icógnita é Júlio Baptista (que se encaixa na mesma turma dos "queridinhos" de Z.Roberto e Emerson). O pseudo-polivalente vem sendo chamado regularmente - quando seria bem melhor testar alguém melhor e que não teve grandes chances, como Roger (Corinthians), Elano (Shakhtar Donetsk-UCR), Daniel Carvalho (CSKA-RUS), Marcinho (Palmeiras), Marcelinho (Hertha Berlim-ALE)... mas Júlio Baptista (contratação errada do Real Madrid) tem sorte e está no clube dos prefeiros do Parreira e deve ir à Alemanha, sim. Afinal de contas, diferentemente de Elano e D.Carvalho que se aventuraram pelo Leste Europeu, J.Baptista foi para a Espanha e está no foco. Que burrice de vocês dois!

O ataque parece estar tão fechado quanto a defesa, sem mais nenhum nome a ser testado. Nilmar e Vágner Love, jovens e inexperientes demais. Luís Fabiano esqueceu o que é futebol. Bom... na ausência de alguém que cause polêmica e discussão, bem que a Globo e a Coca-Cola poderiam começar a pedir o Romário de novo...

E no gol, Dida é o homem de confiança de Parreira, sempre. Os reservas vêm se revesando. Rogério Ceni não tem chances com o treinador. Marcos foi convocado, chegou a ser testado e provou que não é homem para o cargo. Júlio César fez boa Copa América e por isso está aí. Gomes deixou a desejar no Pré-Olímpico, mas, na falta de opção, deve ir ao Mundial - a não ser que Marcos se supere. Fábio foi testado quando ainda era do Vasco. Não é homem para a Seleção. Parreira só não testou o Diego, do Atlético Paranaense. Devia ter testado.

Agora é esperar para ver como o treinador vai agir. Como é de costume, Parreira pode acabar jogando com seus titulares e não vai testar ninguém direito - nem Gustavo Nery, nem Ricardinho, nem Alex, nem Gomes... eu, sinceramente, espero que não. A Seleção já se classificou e a hora de testar é essa. Não adianta jogar com R.Carlos os dois jogos e levar um dos laterais para reserva sem saber qual dos dois é melhor. E isso vale para todas as posições.

E enquanto a Seleção tem esses pedaços indefinidos, os internautas ficam perguntando ao Falcão e ao Noronha "quem deve sair: Robinho, Ronaldo, Ronaldinho, Kaká ou Adriano?". Eu mereço...
thiagoleal | 6:19 AM |
18 setembro 2005
Destaques do fim-de-semana
Bola rolando no Campeonato Brasileiro e Mundial Sub-17

Brasileirão
El Tigre mostra suas garras
No sábado, Flamengo enfrentou o São Caetano em casa e venceu por 2 x 0 - e o grande destaque da partida foi o paraguaio César Ramírez, conhecido pelo apelido de El Tigre. O jogador foi responsável simplesmente pelos dois gols da vitória rubro-negra. Marcou o primeiro e sofreu o pênalti que originou o segundo - convertido por Renato. Contra um São Caetano apático, com Dimba e Edílson apagados, o Flamengo não teve muitas dificuldades na partida. Ramírez se mostrou satisfeito com a vitória, com sua estréia e com a recepção calorosa com a torcida - mas que expliquem ao rookie que trata-se de uma torcida inconstante que na primeira oportunidade irá apedrejá-lo. A mesma torcida que saudou Júnior Baiano com aplausos após a expulsão do zagueiro, quando há um mês atrás queria sua cabeça.

Jogo da rodada: Palmeiras 2 x 1 Cruzeiro
O Palmeiras dominou o jogo com facilidade e impôs sua excelência contra o Cruzeiro - ainda perdido em campo. No clássico dos Palestras o Cruzeiro abriu o placar em seu primeiro contra-ataque, quando o Palmeiras era melhor na partida. Com atuação destacada de Corrêa, autor do gol de empate, o Verdão não perdeu ritmo de jogo nem se abalou com o gol. Mesmo com a expulsão de Fabiano por entrada violenta, o time virou o jogo com gol de Gioino, foi superior até o final do jogo e continua brigando, pelo menos, por vaga na Libertadores. O Palmeiras segue evoluindo e superando suas deficiências. Ainda não é time para título. Ainda...

Decepção da rodada: Santos
Enfrentado um Atlético raçudo e disposto a escapar do rebaixamento, o Santos, apático, mostrou deficiências técnicas e em nenhum momento lembrou o time que briga pelo título. Resultado: perdeu por 3x0 e caiu da vice-liderança para a quinta colocação.

Tabela segue amassada
Com as vitórias de Corinthians (que passa a vice-liderança) por 3 a 2 sobre o Figueirense e Internacional (pela primeira vez líder) pelo mesmo placar sobre o Atlético Paranaense, combinando com a derrota do Santos para o Galo mais o empate em 0 do Fluminense com o Coritiba, a tabela muda completamente de novo. Flu, que era líder, cai para 3º. O Corinthians de 5º sobe para 2º. Inter pulou do 3º para a liderança e o Santos cai da vice para o 5º lugar, com o Goiás se mantendo em 4º.

Craque do fim de semana: Douglas, goleiro do Coritiba que, com um homem a menos em campo, segurou o ataque do Fluminense - pegando até pênalti e garantiu o empate para o Coxa - empate responsável por reviravolta na tabela.
Pereba da semana: Marinho, zagueiro do Corinthians, como sempre entregando um gol ao adversário e dificultando a situação do Timão. Mesma escola de Júnior Baiano e Roque Júnior para ele. Será o Júnior Marinho ou Marinho Júnior?


Mundial Sub-17
Seleção decepciona na estréia
Tá certo que o futebol africano tem a força das categorias de base. Mas perder para Gâmbia pelo placar de 3x1, e ainda assim de virada, não é nada agradável - levando em conta a igual força brasileira nas categorias de base, e a Seleção defende o título. Igor marcou pela Seleção Brasileira e a Gâmbia marcou com Mansally, Ceesay e Jallow. Ânderson, do Grêmio, grande destaque dessa Seleção - pelo menos em termos de badalação, ficou no banco o jogo inteiro. A Seleção volta a atuar na próxima terça-feira, contra a Holanda. O Camisa10 fará análise da Seleção na competição da mesma forma da análise do Sub-20.
thiagoleal | 8:03 PM |
17 setembro 2005
Série B: Fórmula a ser melhorada
A Série B vem ganhando sucesso, público e espaço na TV. Mas a fórmula prejudica os clubes de maneira geral.

O Guia do Brasileirão Placar 2003, aquele que Botafoguenses e Palmeirenses ainda devem ter calafrios quando vêem, traz uma tabela dupla - na frente, Turno e Returno da Série A. No verso, Turno e Returno da Série B.

Inicialmente programada para ser disputada nos mesmos moldes da Série A, os dirigentes dos dois medalhões que desceram no ano anterior, Sr. Bebeto de Freitas pelo Botafogo e, especialmente, Sr. Mustafá Contursi do Palmeiras, apelidado pela torcida alviverde como "Corinthiano" - e que chegou a insinuar uma virada de mesa, exigiram que a fórmula fosse alterada. Assim, uma tabela simples de turno e returno mudou para um campeonato de turno único com dois quadrangulares semifinais e um quadrangular final - uma tabela arrumada para facilitar a subida de Palmeiras e Botafogo para a primeira divisão, como se comentou em toda imprensa especializada na época - a exceção da Globo que, claro, gostou da fórmula onde poderia criar uma "final". E foi o que aconteceu.

O tempo provou que, num campeonato de turno e returno, Botafogo e Palmeiras subiriam com mais facilidades que nessa fórmula turno-quadrangular-quadrangular. Ou seja, os méritos das duas equipes não devem ser tirados. Palmeiras e Botafogo ganharam seus lugares de volta na elite com muito mais honra que o Fluminense que entrou pela tangente da Copa João Havelange, e que o Grêmio, que subiu em 92 com uma fórmula que classificava 12 clubes a Série A.

Todo o problema dessa fórmula que entrou no lugar dos pontos corridos é que na metade do ano, temos mais da metade das equipes que formam a Série B desocupadas - e com uma folha salarial para ser cumprida até o fim do ano. O que acaba levando a dispensa de jogadores... esse ano mesmo, acabam de ficar inativas o Sport Recife, Ituano, Vila Nova e Paulista, entre outras, até a próxima temporada. São quatro meses de inatividade que prejudicam todas essas equipes - perdem dinheiro com quotas de TV, com a receita de ingressos, com patrocinadores...

A fórmula atual pode ser interessante para TV, porque, se não tem uma final fechada, tem uma mini-decisão entre quatro equipes. Mas a CBF tem que repensar qual será o melhor caminho para a saúde financeira das equipes brasileiras. Cair para a segunda divisão já é um baque muito grande - principalmente porque na Série A o time tem mais exposição, embora nem sempre tenha uma quota de TV ou patrocinadores justos. Vide o que aconteceu com o Bragantino, que depois de cair para a Série B desceu para a C e até hoje jamais se recuperou. Alguém sabe do Bragantino? Série A2 Paulista?

Uma Série B mal-feita, com quatro meses de inatividade é igual a prejuízo financeiro, o que pode enfraquecer ainda mais um time pra próxima temporada - e aí acontece o que aconteceu com Vitória, Bahia, Criciúma...

Enquanto isso, a velha tabela Turno-Returno da Série B que jamais chegou a acontecer está aqui guardada. Sem dúvida, significaria mais saúde para os clubes. Talvez fosse menos interessante para a TV. Mas a CBF não pode pensar só em televisão - deve favorecer aos clubes, igual está acontecendo na Série A. Não é dever de um governante agradar a gregos e troianos?
thiagoleal | 4:59 PM |
15 setembro 2005
Futebol em subdesenvolvimento
Bahia e Vitória afundam na 3ª divisão e enfraquecem ainda mais o futebol Nordestino


Foi-se o tempo que o futebol nordestino era um agradável azarão. Sempre roubando a cena, sempre derrubando um favorito aqui, outro ali, sempre beliscando um título importante...

O número de talentos que o futebol nordestino deu ao Brasil é imensa. Só para citar os campeões mundiais pela Seleção Brasileira, Aldair, Bebeto, Clodoaldo, Dida (atacante), Dida (goleiro), Edílson, Júnior (2002), Mazinho, Ricardo Rocha, Rivaldo, Vampeta, Vavá, Zagallo, Zózimo... isso para não citar aqueles que não tiveram oportunidade de lavantar a taça.

Quando entramos no assunto clubes, o Nordeste também coleciona suas glórias. O primeiro campeão brasileiro oficial foi o Bahia, campeão da Taça Brasil de 1959 e primeiro representante do país na Libertadores. Além disso, nas dez edições da Taça Brasil o Nordeste esteve presente em seis delas.
Já no Campeonato Brasileiro, o Sport Recife é o campeão oficial de 1987 segundo a CBF, após vencer o Módulo Amerelo e disputar final contra o Guarani (Flamengo e Inter, campeões e vice dp Módulo Verde, se recusaram a jogar). E o Bahia de Bobô foi o campeão em 88, em cima do Inter.

O futebol nordestino também era responsável por proezas como a vitória por 2-1 em pleno Maracanã do modesto Botafogo da Paraíba sobre o todo-poderoso Flamengo de Zico, em 1980. Em 82 o Botafogo voltaria a vencer Flamengo e Internacional pela Série A do Brasileirão.

Em 1997 foi organizada a primeira Copa do Nordeste. O torneio integrava os "grandes", equipes de primeira divisão, contra os pequenos clubes distritais da Paraíba, Piauí, Sergipe... o Vitória faturou a primeira edição e voltaria a ganhar o campeonato em 99 e 2003 na derradeira edição. O América do Rio Grande do Norte ficou com a taça em 98. O Sport venceu a edição de 2000 e o Bahia ganharia o torneio em 2001, quando passou a se chamar Campeonato do Nordeste, e 2002, com transmissões ao vivo em TV aberta para a Região Nordeste.

Após o sucesso da edição 2002, alegando que o Campeonato do Nordeste estava abafando os estaduais que davam mais lucro às equipes, os grandes de Recife e o Bahia se retiraram, abrindo o caminho para o Vitória levar fácil em 2003. E o campeonato acabou.
Coincidentemente ou não (eu acredito que não), o futebol Nordestino começou a afundar de vez após o fim do Nordestão. As cotas de TV que ajudaram nas edições 2001/02 sumiram, um bom torneio pré-temporada e preparativo acabou. Quando uma equipe joga menos, ganha menos - partidas e dinheiro. E eliminou também a integração entre equipes do Nordeste, e uma consequente subida de bons jogadores de equipes mais fracas para reforçar as mais fortes. Beto e Wagner Diniz, ex-jogadores do Treze que atualmente vêm atuando muito bem por Fluminense e Vasco, poderiam reforçar alguma outra equipe nordestina se o Campeonato do Nordeste tivesse sido realizado, por exemplo.

O panmorama atual do futebol do Nordeste é triste.
Em 2003 caíram Bahia e Fortaleza. Apenas o Vitória se segurou. Vitória viria a cair em 2004, ameaçando o futebol nordestino de ficar pela primeira vez sem representante na primeira divisão. Mas o Fortaleza subiu.
Fortaleza vem fazendo seu papel na primeira divisão. Torce para se segurar lá em cima. O Santa Cruz e o Náutico estão entre os 8 classificados para a segunda fase da Série B. Esse é o ponto positivo.
Em contra-partida, o Sport Recife não conseguiu classificação e quase cai para a Série C. Ceará e CRB só escaparam do descenso na última rodada. E Bahia e Vitória, duas potências da região, caíram juntos pra Série C - abraçadinhos em sua desgraça.

O mais interessante disso tudo é que o futebol nordestino sempre teve uma média de torcida espantosa nos estádios. Hoje mesmo, o Fortaleza lidera bilheterias com o recorde de 25.887. Com uma torcida tão dedicada, o futebol nordestino mereceria pelo menos um poucos mais de organização e decência.
thiagoleal | 1:48 AM |
14 setembro 2005
Tévez - O Maldito
A demagogia que torna o argentino o jogador de futebol mais odiado do país

"Só podia ser mulher mesmo! Sua burra! O que é que eu fiz?" - Luís Fabiano, 12 de outubro de 2003.

Nessa ocasião, Luís Fabiano insultou a árbitra Sílvia Regina de forma agressiva, após ser expulso no clássico São Paulo 3 X 0 Corinthians, pelo returno do Campeonato Brasileiro daquele ano. Independentemente da declaração machista do jogador - quando o machismo não cabe no futebol moderno onde o Brasil, país do futebol, só é representado pelo time feminino nos Jogos Olímpicos e a atacante americana Mia Hamm entra na lista dos 100+ do "Rei" Pelé, Luís Fabiano foi punido por ter agredido verbalmente um profissional e autoridade máxima no campo. Se o centroavante, à época bom jogador, houvesse dito "Seu burro! Você não sabe apitar!" com algum árbitro homem, a punição seria a mesma. As repercuções, no entanto, seriam bem menores.

No entando, repercutiu bem menos que as declarações de Carlitos Tévez, que se queixou da bandeirinha Ana Paula de Oliveira. El Capitán do Timón disse que Ana Paula não atuava bem, e que a Confederação não deveria ter profissionais femininas apitando jogos importantes, como Corinthians e São Paulo. SÓ ISSO. Mais nada.

Por mais machista que tenha sido a declaração de Tévez - Atualmente não há nenhum bandeira melhor que a Ana Paula, tudo que o jogador fez foi expressar sua opinião. E vivemos num país livre onde temos liberdade de expressão que nos permite criticar terceiros, desde que não seja de forma caluniosa. Ou seja, não há razões para Tévez sofrer ameaça de processo - que acaba de sofrer por parte de uma associação feminina não divulgada. Margarette Gracia, do Gradi (Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância), diz ela, poderá ser enquadrado no inciso 5.º (veiculação por meios de comunicação de massa de qualquer forma de discriminação contra idoso, portador de deficência fisica ou mulher) da lei estadual (nº 11.369, de março de 2003). E, por uma simples declaração, Tévez pode ser multado em cerca de R$ 6.650.00.

Pelo amor de Deus!! Tá na cara que isso é gente querendo ganhar dinheiro e perseguindo o Tévez porque, desde que chegou, tudo que acontece com ele inflama. "Tévez colocou a mulher numa posição diminuída", diz a delegada. Repito. Ele apenas EXPRESSOU SUA OPINIÃO. Opinião machista da qual discordo totalmente. Repito também, Ana Paula é a melhor bandeirinha do país e não merece as críticas que recebeu de Tévez. Mas sem exageros para com o jogador também!

Assim como Renato Gaúcho declarou a esse mês à Placar que não gosta de mulher jogando bola. Ele deu sua opinião. Por acaso a Marta, a Juliana Cabral ou a Cristiane da Seleção Feminina pensam em processar o Renato? "Quando vejo um jogo de futebol feminino, sempre acho que alguma delas vai quebrar a perna a qualquer momento", declarou Renato. Ou seja, diminuiu a mulher, não? Eu DISCORDO COMPLETAMENTE dele. Gosto de ver mulher jogando bola. Acompanhei a Seleção Feminina nos Jogos Olímpicos, faço parte da lista de discussão Futebol Feminino do Yahoo!, estou em várias comunidades sobre o tema no Orkut e sou fã confesso e apaixonado da Mia Hamm! Mas Renato tem direito à liberdade de expressão e pode dar sua opinião.

Saindo desses méritos, Carlitos tem sido criticados por outros motivos - sem razão. Sofreu críticas por usar um agasalho do Manchester United durante uma coletiva. Meu Deus. Qual o problema? O Manchester United é rival do Corinthians? O fornecedor de material esportivo do clube inglês (a Nike) é diferente do fornecedor do Timão, para que ele ofendesse patrocinadores? Coincidentemente, até as cores do agasalho eram iguais as do Corinthians. Tévez apenas saiu do jogo, pegou um aparato particular seu e vestiu. Se fosse uma camisa do Hard Rock Café não teria problema. Mas, por acaso, era uma camisa do Palmeiras? Ou de algum outro time brasileiro? Ou mesmo do Boca Juniors, time que Tévez defendeu?
Nenhum torcedor corinthiano com quem conversei se ofendeu com essa atitude de Tévez. Todos concordaram que não passa de uma bobagem e foi uma pisada de bola da diretoria multá-lo em 20% de seu salário. Foi tocar numa ferida de seu principal ídolo atual, que já estava magoado por outros motivos.

Carlitos foi criticado também por dizer que sairia do país se continuasse desse jeito. Ora... nada mais natural, não? Tevez está sendo incensantemente criticado pela imprensa de um país que não é o seu, e tudo isso sem razões. Luís Fabiano, novamente sendo citado aqui, declarou em agosto de 2003: "O negócio é sumir, porque no Brasil não dá para jogar". E não foi tão criticado por dizer o mesmo que Tévez disse.

Não vou aqui entrar em méritos de expulsões - que Tévez reclama, dizendo ser marcado por ser jogador estrangeiro. Mas bem, Tévez já foi ameaçado de suspensão por ter apanhado do goleiro do Atlético Mineiro, Danrlei. Ou seja, um jogador sofre um pênalti, é agredido pelo goleiro do time e em seguida ameaçado de ser suspenso sem ter feito nada. Se isso não é uma perseguição, o que é?

O futebol brasileiro, que nunca foi xenófobo, e abraçou Dario Pereyra, Sorín, Gamarra, Arce, Petkovic, Elias Figueroa entre outros craques estrangeiros, parece tratar mal em especial Carlos Tévez. Qual é o problema? Será que é por causa da badalação da contratação do Tévez? É porque ele foi a compra mais alta da história do futebol brasileiro? Será isso inveja e perseguição?

Tudo o que posso fazer é lamentar - não como torcedor, mas como amante do futebol. Estamos diante de um grande jogador que não tem paz para atuar no país. Não exagero quando digo que Tévez é um talento promissor - não para o futuro do futebol argentino, mas do futebol em geral. Qual o problema de Tévez? É por que ele é argentino?

Bom, só lembrando. Estamos diante da melhor geração de jogadores argentinos - melhor que o time campeão em 78 que contava com Mário Kempes, Filol e Daniel Passarella, melhor que a Seleção de 86 que só contava com Maradona, melhor que o timaço de 94 que tinha o mesmo Maradona, Batistuta, Léo Rodríguez, Canniggia, Ortega, Redondo... a Seleção Atual Argentina conta com talentos como Crespo, Saviola, D'Alessandro, Samuel, Sorín, Zannetti, Mascherano e os espateculares Lucho González e, ele, Juan Román Riquelme. Claro, contando ainda com o Tévez e o Lionel Messi, grande promeça argentina.
E se essa Argentina for campeã mundial na Alemanha? O que vamos dizer? Que foi doping? Gol de mão? Erro de arbitragem? Compra de jogos? Parece que sim, porque torcedor brasileiro se torce e é incapaz de reconhecer talento de jogador argentino. Será que é tão difícil assim reconhecer que Maradona foi melhor que Zico ou que o maior centroavante de todos os tempos não é Ronaldo e sim DiStefano? Pelo amor de Deus... deixem essa xenofobia ridícula longe do bom futebol.
thiagoleal | 2:23 AM |
04 setembro 2005
Tão fácil...

Seleção brasileira conquista a vaga para a Copa 2006

Eu tenho 17 anos. O primeiro jogo de futebol que eu lembro aconteceu entre 1991 e 1992. O primeiro jogo da seleção que marcou a minha vida foi Brasil e Uruguai, Eliminatórias para a Copa de 94. Eu tinha seis anos e morava no Rio de Janeiro. Lembro do calor absurdo, da ansiedade que a cidade vivia em torno do jogo e dos engarrafamentos. Morava a três quadras do templo do futebol. Para a Copa de 2002 eu sofri. Aquele jogo em Buenos Aires, não sei quantos técnicos e no fim, contra a Venezuela, a classificação.

Hoje, com três rodadas de antecedência, o Brasil conquistou a vaga para a próxima Copa do Mundo. A vitória saiu no primeiro tempo e a goleada, que já foi gorda, poderia ter sido muito maior. E eu, tão acostumando ao sufoco chamado eliminatórias disse ao meu pai: "Tão fácil..."

Pois bem, a seleção classificou-se. Seremos por no mínimo mais quatro anos a única seleção a participar de todas as Copas. E, com esta seleção, tenho muita esperança de ver algo único, algo que entre para a história. Nunca tinha visto, em esporte nenhum, uma superioridade tão grande de uma seleção sobre as outras. A seleção tem em quase todas as posições craques e, na reserva, jogadores que não fariam feio no time titular. Eu não duvido que caso a seleção vença a próxima Copa, com atuações geniais de Robinho e Ronaldinho, o time de 2006 venha a ser comparado com a seleção do Tri. Se perder, não duvido que a comparem com os canarinhos de 82.

Estamos com uma oportunidade única. A oportunidade de ver uma seleção fazer história. Espero que os caras que entrarem em campo entendam o momento e joguem como a seleção jogou os últimos jogos da Copa das Confederações e hoje.

Adriano, a máquina: este garoto é um fenômeno! Marcou três hoje, marcou três na estréia do Campeonato Italiano, marcou dois contra Argentina e Alemanha no último torneio com a seleção. Com a força física que Adriano tem, poucos zagueiros conseguem disputar corpo-a-corpo com o craque da Inter. Eu temo que ele fique na reserva na Copa, mas, ei! Já pensaram as arrancadas de um Adriano novinho em folha contra uma defesa já castigada? Se acontecer de Ronaldo ficar de titular, o que eu não concordo e Parreira desistir da composição usada hoje, Adriano continua a ser uma das maiores peças da nossa seleção.

Luiz Felipe Pedone | 8:32 PM |
02 setembro 2005
Falta do que fazer??
Cria-se uma polêmica burra na Seleção: perder o posto de "Queridinho da Torcida" incomoda?

Tem certas coisas que se vê por aí que não dá pra acreditar.

Há mais ou menos três anos, quando o Brasil fazia um jogo comemorativo do pentacampeonato - e tinha sua faixa devidamente carimbada pelo Paraguai, Kaká mal podia pegar na bola que ouvia-se gritos femininos histéricos e ensurdecedores no estádio. Parecia até show dos Beatles na época que eram uma banda de garotinhos. Diante da situação, Kaká foi alcunhado o "xodó" da Seleção.

Naquele mesmo ano surgiam Diego e Robinho, junto ao Santos comandado por Leão. Diferente de outros nomes fortes daquele Santos, como Renato e o Elano - este o verdadeiro craque do time, Diego e Robinho ganharam todo apoio da mídia e viraram os queridinhos do futebol brasileiro. Os xodós.

Diego teve poucas chances com a camisa amarela. Ao lado de Robinho, na ausência de Kaká, fracassou no Pré-Olímpico. E enquanto seu parceiro ficava no Santos dando suas pedaladas, Diego se mandava para Portugal e era esquecido pela Seleção.

Robinho começou a ser então chamado para a Seleção principal. Disputou jogo de eliminatória e foi titular na Copa das Confederações. Seu sucesso no Santos, e toda a polêmica transação para o Real Madrid que valeram manchetes e mais manchetes em jornais, revistas e TV - capa de Lance!, Placar, e blocos de dedicação em programas da ESPN Brasil e SporTV, colocaram Robinho nos holofotes. O centro das atenções.

Agora, escalado como titular para o jogo do próximo domindo, Robinho vive seu melhor momento com torcida e imprensa. Não pára de dar entrevistas e já é o novo "xodó" da Seleção.

Então, na falta do que fazer, a mídia cria uma polêmica burra dentro da Seleção Brasileira: Kaká, aquele citado no primeiro parágrafo, estaria incomodado, enciumado e fazendo biquinho por perder o posto de xodó, "queridinho da torcida"?

Ora... faça-me o favor! Kaká já ganhou Copa do Mundo, Bola de Ouro da Placar, disputou posto de melhor jogador da FIFA, ganhou prêmio de melhor jogador do Campeonato Italiano e melhor meio-campo do futebol Europeu... é ídolo em Milão, tem todo um futuro pela frente e é, sem sombra de dúvidas, o melhor jogador dessa Seleção - e o único que dá o sangue em campo. O rapaz já pode ser considerado um jogador amadurecido. Será que o Kaká está tão preocupado assim com o fato de não ser mais xodó? Pelo amor de Deus...

Querem criar uma crise na Seleção? Então é melhor esperar a Seleção se complicar nas Eliminatórias, perder Copa do Mundo para a Argentina, perder a Copa Ouro para o México ou ser desclassificado no próximo torneio Pré-Olímpico... mas pelo menos que seja uma crise que faça sentido. E que seja um assunto sério. Kaká X Robinho NÃO EXISTE.
thiagoleal | 1:41 PM |
Camisa 10 não tem ligação nenhuma com a CBF e/ou com a FIFA.
Blog criado e atualizado por Luiz Felipe Pedone e Thiago Leal. Para maiores informações entre em contato por e-mail.

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