Argentina impõe seu jogo nos primeiros 45 minutos - suficientes para definir a partidaAmistoso? Com certeza
José Pekerman, treinador da Argentina, não pensava assim. Afinal, ele poupou seus melhores jogadores contra o Equador para enfrentar o Brasil. Amistoso? Nem quando Brasil e Argentina jogam um amistoso, o jogo é amistoso.Assim, a Argentina entrou em campo como a verdadeira Argentina. Garra, pegada forte e impondo jogo - e a torcida cantando. Sem parar.
Com três jogadores, os albicelestes desequilibraram o jogo:
Lucho Gonzalez,
Sorín e, principalmente,
Riquelme. Se aproveitando das falhas na defesa brasileiras, e fazendo se valer de suas habilidades, os três mosqueteiros argentinos trefegaram como quiseram na intermediárea verde-amarela. O segundo gol, de Riquelme, foi uma pintura. Qualquer um que viu o golaço do veradeiro líder do time jura que a bola desviou em alguém. Não. Riquelme enganou nossa defesa e nosso goleiro sozinho.
Pelo meio de campo,
Mascherano cumpriu o que se esperava dele. Desarmou contra-ataques, organizou e liderou o setor defensivo. Grande volante - Mascherano era justamente o que o Brasil não tinha. Lucho Gonzalez, destaque já citado, puxou o ataque pela direita com maestria - a mesma maestria que o Kaká pelo Brasil. A diferença é que Lucho tinha do seu lado um time organizado e disposto a jogar. Fez a diferença.
A defesa nem se fala. Marcação perfeita, anulou Ronaldinho Gaúcho, Robinho e, principalmente, Adriano. Não precisaram de Zanetti nem de Ayala ou Samuel.
Heinze, com muita garra, e
Coloccini deram conta do recado muito bem. Claro, isso graças ao apoio de Sorín (que bateu e apanhou muito) e, novamente, Mascherano. Quando o Brasil tocou bola na intermediárea argentina, ainda no primeiro tempo, parecia que o Brasil tinha tomado posse de bola e administrava o jogo. Não. O time brasileiro não tinha o que fazer. A marcação argentina estava perfeita. Só não conseguiu parar um jogador. Kaká. Mais uma vez, pena que ele esteve praticamente só.
E na frente... bem. Sem comentários.
Hernán Crespo, atacante matador à la Ruud VanNilsterooy e Andry Shevchenko, fez o que se espera de um homem de sua posição. Marcou gols. Nas duas únicas chances que teve.Com esse time afiado, a Argentina impôs seu jogo e só precisou do primeiro tempo para definir o resultado. E se Tevez tivesse sido titular no lugar de Saviola, o estrago poderia ter sido maior.
Para o segundo tempo, o natural de um time que destrói no primeiro. Tirou o pé do acelerador. Há quem possa dizer. "Mas a Argentina se retrancou". Tá, é verdade. Mas só funcionou porque continuou marcando bem. Porque sua defesa funciona - uma defesa mais fraca teria sucumbido. Então, novamente méritos alvecelestes.
A Argentina estava com o orgulho ferido. Perdeu para o Brasil em Belo Horizonte por 3 a 1, e deixou escapar a Copa América nos acréscimos - o que foi muito feio. Para piorar, poupa seus jogadores para enfrentar o Brasil e vê os adversários chamando o jogo de "amistoso". A fera entrou ferida em campo e mordeu com vontade. A comemoração argentina no final do jogo significou justamente isso. Tirar esse peso das costas. Venceram o duelo dos melhores do mundo.
Parabéns Mascherano, Sorín, Lucho Gonzalez, Crespo e, principalmente, Riquelme. O mundo é vocês... até o próximo confronto. Pegaremos vocês na Copa das Confederações. Não é, Kaká?
Melhor em campo pela Argentina: Juan Román Riquelme, disparado.