Bahia e Vitória afundam na 3ª divisão e enfraquecem ainda mais o futebol NordestinoFoi-se o tempo que o futebol nordestino era um agradável azarão. Sempre roubando a cena, sempre derrubando um favorito aqui, outro ali, sempre beliscando um título importante...
O número de talentos que o futebol nordestino deu ao Brasil é imensa. Só para citar os campeões mundiais pela Seleção Brasileira, Aldair, Bebeto, Clodoaldo, Dida (atacante), Dida (goleiro), Edílson, Júnior (2002), Mazinho, Ricardo Rocha, Rivaldo, Vampeta, Vavá, Zagallo, Zózimo... isso para não citar aqueles que não tiveram oportunidade de lavantar a taça.
Quando entramos no assunto clubes, o Nordeste também coleciona suas glórias. O primeiro campeão brasileiro oficial foi o Bahia, campeão da Taça Brasil de 1959 e primeiro representante do país na Libertadores. Além disso, nas dez edições da Taça Brasil o Nordeste esteve presente em seis delas.
Já no Campeonato Brasileiro, o Sport Recife é o campeão oficial de 1987 segundo a CBF, após vencer o Módulo Amerelo e disputar final contra o Guarani (Flamengo e Inter, campeões e vice dp Módulo Verde, se recusaram a jogar). E o Bahia de Bobô foi o campeão em 88, em cima do Inter.
O futebol nordestino também era responsável por proezas como a vitória por 2-1 em pleno Maracanã do modesto Botafogo da Paraíba sobre o todo-poderoso Flamengo de Zico, em 1980. Em 82 o Botafogo voltaria a vencer Flamengo e Internacional pela Série A do Brasileirão.
Em 1997 foi organizada a primeira Copa do Nordeste. O torneio integrava os "grandes", equipes de primeira divisão, contra os pequenos clubes distritais da Paraíba, Piauí, Sergipe... o Vitória faturou a primeira edição e voltaria a ganhar o campeonato em 99 e 2003 na derradeira edição. O América do Rio Grande do Norte ficou com a taça em 98. O Sport venceu a edição de 2000 e o Bahia ganharia o torneio em 2001, quando passou a se chamar Campeonato do Nordeste, e 2002, com transmissões ao vivo em TV aberta para a Região Nordeste.
Após o sucesso da edição 2002, alegando que o Campeonato do Nordeste estava abafando os estaduais que davam mais lucro às equipes, os grandes de Recife e o Bahia se retiraram, abrindo o caminho para o Vitória levar fácil em 2003. E o campeonato acabou.
Coincidentemente ou não (eu acredito que não), o futebol Nordestino começou a afundar de vez após o fim do Nordestão. As cotas de TV que ajudaram nas edições 2001/02 sumiram, um bom torneio pré-temporada e preparativo acabou. Quando uma equipe joga menos, ganha menos - partidas e dinheiro. E eliminou também a integração entre equipes do Nordeste, e uma consequente subida de bons jogadores de equipes mais fracas para reforçar as mais fortes. Beto e Wagner Diniz, ex-jogadores do Treze que atualmente vêm atuando muito bem por Fluminense e Vasco, poderiam reforçar alguma outra equipe nordestina se o Campeonato do Nordeste tivesse sido realizado, por exemplo.
O panmorama atual do futebol do Nordeste é triste.
Em 2003 caíram Bahia e Fortaleza. Apenas o Vitória se segurou. Vitória viria a cair em 2004, ameaçando o futebol nordestino de ficar pela primeira vez sem representante na primeira divisão. Mas o Fortaleza subiu.
Fortaleza vem fazendo seu papel na primeira divisão. Torce para se segurar lá em cima. O Santa Cruz e o Náutico estão entre os 8 classificados para a segunda fase da Série B. Esse é o ponto positivo.
Em contra-partida, o Sport Recife não conseguiu classificação e quase cai para a Série C. Ceará e CRB só escaparam do descenso na última rodada. E Bahia e Vitória, duas potências da região, caíram juntos pra Série C - abraçadinhos em sua desgraça.
O mais interessante disso tudo é que o futebol nordestino sempre teve uma média de torcida espantosa nos estádios. Hoje mesmo, o Fortaleza lidera bilheterias com o recorde de 25.887. Com uma torcida tão dedicada, o futebol nordestino mereceria pelo menos um poucos mais de organização e decência.