Colunas e críticas sobre o futebol do presente e do passado. Análise das partidas e da atuação da Seleção, escalações, Campeonato Brasileiro e opinião dos colunistas. Cobertura do futebol nacional e internacional rumo à Copa do Mundo.

Redator publicitário e estudante de publicidade, pretendendo cursar jornalismo. Torcedor do Corinthians (SP). Grande fã do Ryan Giggs e de vários jogadores brasileiros, da Seleção de 70 e de 82 e de todos os grandes craques do passado.

Atualmente estudando para o Vestibular 2006, pretende cursar comunicação social na UFMG. É torcedor do Palmeiras e apreciador dos times europeus. Seus ídolos no futebol são Pelé, Zidane, Rivaldo e Ronaldo.
Torcedor do Santos, faz cursinho preparatório para Comunicação Social. Apaixonado por futebol nacional e internacional. Seus jogadores favoritos são Renato e Zidane.
Estudante do 7.º período de Administração na UFV. Aprendeu a acompanhar futebol com os olhos da razão, sem ‘torcedismos’. Fã dos jornalistas Paulo Vinícius Coelho e Juca Kfouri. Na Copa do Mundo não vai torcer pela Seleção, por não apoiar a CBF.
17 outubro 2005
Santos 2 X 3 Corinthians - Um jogo errado
O que a falta de planejamento faz com o futebol

Quando se noticiou que Edílson Pereira de Carvalho tinha se envolvido com esquema de venda de jogos, e o mesmo árbitro havia apitado 11 jogos dentro do Campeonato Brasileiro, Luiz Zveiter, presidente do STJD, se viu com um imenso abacaxi nas mãos. Como proceder com os jogos envolvidos no escândalo?

Embora alguns dos jogos, como Santos 4 X 2 Corinthians ou Juventude 1 X 4 Figueirense, tenham sido claramente limpos, onde os vencedores ganharam o jogo na bola, a solução encontrada pelo STJD foi anular todos os jogos. Por quê?

Essa sem dúvida foi a solução "menos ruim" encontrada. Afinal, embora clubes como Internacional tenham entrado com um processo pedindo a análise das partidas para que só depois fossem anuladas, seria muito difícil ter certeza dos critérios usados por Edílson para manipular um jogo. Não dá, também, para confiar na palavra dele. E os 11 jogos "contaminados", termo usado pela mídia, foram anulados. A FPF, por exemplo, organizou uma comissão de árbitros para analisar as partidas - e eles não conseguiram. Se não se anulasse jogo nenhum, haveria dirigente reclamando da mesma forma. E se anulasse apenas jogo sim, jogo não, sempre ia ter um engraçadinho querendo a anulação de seu jogo que foi dado como limpo.

O que faltou no caso? Uma união maior dos clubes que fazem parte do Clube dos 13. Em nenhum momento os 20 clubes mais importantes do país se uniram para tomar uma decisão democrática, envolvendo inclusive clubes isentos dos 11 jogos - e apresentar essa decisão ao STJD. Quem sabe, um conselho do tipo não levaria a anulação apenas de partidas seletivas.

O que se viu na Vila Belmiro no dia 13 de outubro foi o resultado da falta de planejamento tanto do STJD quanto da CBF em remarcar os jogos. O jogo, que terminou com 3 X 2 para o Corinthians, foi uma sucessão de erros. Vejamos:

Arbitragem - Não o culpado por um todo, mas Cléber Welington Abade, provavelmente nervoso pelo contexto da partida, cometeu erros graves dentro do jogo. Primeiro, deixou de apitar um pênalti claro sobre Nilmar, cometido pelo goleiro Saulo. Depois, achou um pênalti em cima do mesmo Nilmar, cometido por Zé Elias - naquela situação onde o juiz tenta "compensar um erro" e comete outro. Está errado. E, ao final da partida, expulsa Carlos Alberto que sofre agressão de Saulo - C. Alberto estava reclamando um impedimento mal-apitado. Mais uma vez a tentativa de compesação por parte de Cléber que havia expulso Luizão anteriormente.

Santos - O clube da Vila estava justamente indignado com a realização da nova partida, afinal, vencera o Corinthians na bola, sem influência de arbitragem. No entanto, o Peixe deveria ter entrado em campo pronto para jogar bola e vencer novamente o Corinthians. Deixasse a diretoria cuidar dos bastidores, para tentar recorrer da decisão do STJD. O que se viu, mesmo antes da partida, era um Giovanni nervoso - o mesmo Giovanni que chuta a bola na torcida com infantilidade, o que incita uma torcida desde sempre irritada com o novo jogo. A atitude, infantil, inflamou ainda mais a torcida. Luizão também entrou em campo sem querer jogar bola e foi expulso com menos de um minuto. Um jogador de seu nível tem que entender que, se não estiver 100% tecnicamente, vai ficar no banco. Uma atitude como a dele ajuda a incitar os ânimos do torcedor.

Corinthians - Pedir que a diretoria tomasse a atitude de Tevez, que declarou que os dois jogos que o Corinthians perdeu foram limpos e não deveriam ser repetidos, é abusar do altruísmo dos dirigentes brasileiros. Dirigente de futebol só olha para seu umbigo, a favor de seu clube. Assim, o Corinthians foi para o jogo. O Corinthians, podemos dizer, venceu na bola, afinal, embora tenha marcado gol num pênalti inexistente, teve um pênalti claro não marcado anteriormente. Mas Betão e Nilmar não deveriam dançar comemorando a vitória no final da partida. O Corinthians ganhou um jogo, não o campeonato. Não interessa se a "dança da vitória" foi feita diante da torcida corinthiana. A atitude foi uma provocação à injustiçada torcida santista - que se viu no direito de reagir. Ainda mais num jogo "quente" como aquele.

Torcida - Qualquer um entende o lado do torcedor Santista em se sentir injustiçado. Mas, com ânimos quentes, assistindo um jogo desde já duvidoso, com arbitragem ruim (que, mesmo prejudicando mais o Corinthians que o Santos, sob a ótica da torcida era uma arbitragem duvidosa) e ainda contando com incitação do seu time e provocação do time rival, a torcida se vê no direito de passar dos limites e passa a invadir o campo. "Macaco vê, macaco faz". A torcida cometeu erro em conseqüência de outros erros envolvidos no jogo. O problema é que a torcida não pensou que pode prejudicar o próprio Santos, que pode passar a ter jogos com os portões fechados.

Vila Belmiro - Faltou segurança no Estádio. Certamente vai acontecer a interdição, e a diretoria Santista deve desde já se prontificar a melhorar sua segurança.

Zveiter - Uma decisão precipitada de anular as partidas e realizá-las de imediato. Na tentativa de abafar o escândalo, Zveiter não esperou por um tempo maior, não se reuniu com Clube dos 13, não procurou uma solução que agradasse os 14 clubes envolvidos nos jogos e ainda teve a idéia de abrir os portões das partidas - ingressos gratuitos. Deveriam liberar ingressos apenas para quem foi ao jogo em questão. Ou então vender os demais ingressos.

Esse Campeonato vai ficar marcado como o Brasileirão do Escândalo - e, agora, o Brasileirão das lambanças.

Troféu Compreensão: Romário e sua declaração. "Entendo o Simon, sei que ele erra. Não vou culpá-lo pelo resultado. Assim como eu cobro um pênalti errado, ele é um ser humano e tem direito de errar."
Se todas as partes envolvidas com futebol tivessem a finesse de Romário nesse caso, onde o Simon errou em Figueirense 3 X 3 Vasco muito mais de que os erros de Abade em Santos 2 X 3 Corinthians, sem dúvida o futebol teria (alguns poucos) menos problemas.
thiagoleal | 3:08 PM |
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