O São Paulo conquista de forma heróica o Mundial de Clubes da FIFA 2005Doze anos depois de façanhas como bater o Barcelona e o Milan em Tóquio, o São Paulo repete a façanha em terras orientais - dessa vez na cidade de Yokohama, palco do Pentacampeonato. Como a FIFA passou a oficializar as Copas Intercontinentais, o São Paulo pode, assim, se considerar tri-campeão mundial de clubes.
A conquista, no entando, deve ser mais louvada que os feitos de 92 e 93 - ora, naquela época o São Paulo tinha um timaço! Zetti, Raí, Cafu, Válber, Ronaldão, Vítor, Pintado, Palhinha, Cerezo, Leonardo, Müller... e Telê no banco! Era um time para encarar de frente o Barcelona de Zubizarreta, Stoichkov, Laudrup e Guardiola dirigidos por Cruyff ou o Milan de Baresi, Maldini, Massaro, Papin e Albertini.
Hoje, ao contrário dos anos do bi, o São Paulo é um time irregular e sem um padrão de jogo onde se destacam os nomes de Rogério Ceni e Lugano - ambos defensores. Cicinho se diferencia dos demais. Júnior e Amoroso são veteranos. E o resto é resto... o São Paulo penou para enfrentar o Al Ittihad - e era esse time que enfrentaria o Liverpool de Gerrard, Cissè, Morientes, Luís García e Xabi Alonso.
O jogoCerto de que é invencível, o Liverpool entrou em campo cercado por sua soberba e crente de que poderia vencer o jogo a qualquer hora - igual a Portugal e República Tcheca quando enfrentaram a Grécia na Euro 2004. Além de tecnicamente melhor, os
Reds tinham um belo padrão de jogo. Mas o time não se impõe. Resultado... o São Paulo encaixa um contra-ataque e pega a defesa vermelha desprevenida - como já se chamou atenção, falha de marcação do zagueiro Hyppia. A bola acaba sobrando pra Mineiro, que marca o gol antes dos 30 da primeira etapa.
Só após o gol o Liverpool acordou para o jogo e partiu para cima. Durante todo o segundo tempo o São Paulo se fechou na defesa e resistiu com garra ao ataque inglês. Rogério Ceni talvez nunca tenha trabalhado tanto. E o Liverpool já era outro time, determinado a vencer o jogo - tendo três gols justamente anulados. Gerrard foi, em campo, um multi-homem, descendo para marcar na defesa e puxando o contra-ataque sozinho - talvez o único a encarar o espírito "you will never walk alone". OK, dessa vez o guerreiro andou sozinho e não foi suficiente. O Liverpool não conseguiu furar a barreira são-paulina.
Os destaques:Pelo São PauloMineiro, o melhor homem em campo. Independentemente do gol, o volante marcou com perfeição. Cortava todas as bolas na defesa e superou o ataque inglês. Foi uma bela vitória pessoal para Mineiro que conseguiu provar o seu valor. O nome do jogo.
Rogério Ceni fechou o gol e fez belíssimas defesas - mesmo questionado, o goleiro artilheiro mostrou segurança, o que passa tranqüilidade à defesa. Afinal, se errar, vai ter alguém seguro ali atrás para corrigir o erro e impedir o gol.
Diego Lugano, a muralha. Bateu. Mas deu carrinhos limpos à la Gamarra, bloqueou Morientes, bloqueou as armadas de bola de Guerrard, marcou até o grandalhão Crouch. É incrível que, na presença de Lugano e com sua bela atuação, até o zagueiro Edcarlos conseguiu jogar bem. Parabéns ao uruguaio.
Pelo LiverpoolDesolado sentado no gramado, Steven Gerrard deveria pensar... "Deus! Perdemos! Para chegar aqui de novo vai ser um sufoco... se é que vou chegar" A expressão daquele que é, ao lado de Juninho Pernambucano e de seu compatriota Frank Lampard o melhor volante do mundo na atualidade, era emblemática. Na verdade, os feitos de Gerrard em campo podem acabar sendo abafados pela derrota. Mas
Steve foi o melhor jogador em campo - não do Liverpool apenas, o melhor DO JOGO mesmo. Carregou o time sozinho, puxou contra-ataques, enfiou bolas perfeitas para os atacantes, voltou para defender, fez cruzamentos perfeitos, bateu faltas incríveis... o azar de Steven é que enfrentou o São Paulo num dia inspirado. Mas a imagem da derrota se apaga facilmente. Gerrard está eternizado naquele garoto que aplaudia a torcida do Liverpool e, emocionado, erguia a Liga dos Campeões após uma vitória heróica sobre o Milan.
Uma conquista do futebol brasileiroCorinthianos, Palmeirenses, Santistas... não adianta chorar. O título do São Paulo é, sim, uma conquista do futebol brasileiro e da prova de capacidade de superação do nosso futebol. Com uma equipe tecnicamente e taticamente inferior, o São Paulo não se acovardou diante do poderoso Liverpool. O Tricolor soube aceitar suas limitações e jogar baseado nelas, preocupado apenas em onde não deveria errar. Palmas para o técnico Autuori, a Rogério Ceni - o MVP da competição e para todos os demais que fizeram parte do título. Mais uma vez o São Paulo sai do Morumbi para conquistar o mundo.