Colunas e críticas sobre o futebol do presente e do passado. Análise das partidas e da atuação da Seleção, escalações, Campeonato Brasileiro e opinião dos colunistas. Cobertura do futebol nacional e internacional rumo à Copa do Mundo.

Redator publicitário e estudante de publicidade, pretendendo cursar jornalismo. Torcedor do Corinthians (SP). Grande fã do Ryan Giggs e de vários jogadores brasileiros, da Seleção de 70 e de 82 e de todos os grandes craques do passado.

Atualmente estudando para o Vestibular 2006, pretende cursar comunicação social na UFMG. É torcedor do Palmeiras e apreciador dos times europeus. Seus ídolos no futebol são Pelé, Zidane, Rivaldo e Ronaldo.
Torcedor do Santos, faz cursinho preparatório para Comunicação Social. Apaixonado por futebol nacional e internacional. Seus jogadores favoritos são Renato e Zidane.
Estudante do 7.º período de Administração na UFV. Aprendeu a acompanhar futebol com os olhos da razão, sem ‘torcedismos’. Fã dos jornalistas Paulo Vinícius Coelho e Juca Kfouri. Na Copa do Mundo não vai torcer pela Seleção, por não apoiar a CBF.
20 junho 2006
Qual o problema dele?
Duas vezes eleito melhor do mundo. Por que pegamos no pé de Ronaldinho?



Copas de 58 e 70. Quem não lembra do Pelé e seu futebol destruidor? Garoto de 17 anos em 58, veterano de 30 anos em 70, a qualidade do futebol do Rei parece não mudou em pouco mais de uma década e, nas duas competições, o homem foi o fator de desequilíbrio da Copa. Em 58, encantou suecos e europeus com suas habilidades e velocidade. Em 70, a velocidade não estava lá. Mas a habilidade se mantinha intacta e a visão de jogo estava melhor que nunca. O futebol de Pelé foi incontestável.

Copas de 86 e 90. Quem nunca ouviu falar de Diego Armando Maradona? Quem lembra de algum outro jogador das duas Seleções Argentinas, que disputou as Copas citadas? E precisa? Maradona, sozinho, carregou esse país nas costas. Em 86, um gol antológico contra a Inglaterra, trazendo a bola desde o campo argentino até o gol inglês de Peter Shilton. Em 90, a habilidade e genialidade de quem rouba a bola no meio-campo, passa por três defensores brasileiros e faz um passe perfeito para Cannigia eliminar a Seleção Brasileira. Maradona? Gênio!

Sejamos razoáveis... Ronaldinho tem sido comparado a Pelé e Maradona recentemente. Para que tudo isso? Por acaso, alguma vez, vocês viram Ronaldinho repetir um dos feitos dos dois jogadores citados? Não me venham citar o lance de estréia de Ronaldinho em Brasil X Venezuela na Copa América de 99. Era sua estréia, um lance apenas promissor. Mas numa Copa América, contra a Venezuela. Quando falamos de Pelé, falamos de um drible dentro da área seguido de um chapéu e um golaço na Seleção Francesa. Quando falamos em Maradona, uma arrancada que deixa no chão sete ingleses e resulta em gol. As duas em Copa do Mundo.

Agora, pensemos em outros nomes... Johan Cruyff e sua genialidade em 74. Basta lembrar a liderança que o camisa 14 holandês exerceu no jogo contra o Brasil. Alguém discute que Cruyff foi o craque daquela Copa? Na mesma Copa, o zagueiro implacável Franz Beckenbauer. Se formos até a Copa de 82, por que não lembrar Michel Platini e sua classe que levou a França a uma semi-final, com uma injusta derrota para a Alemanha? Falar naquela Alemanha... por que esquecer Kal Rumenigge, que carregou o time alemão sozinho em duas Copas e os levou à final em 82? E que tal Zico e Sócrates, que nesta mesma Copa deram show e foram derrotados por algum capricho do destino? E Gheorghe Hagi, da Romênia, e Hristo Stoichkov da Bulgária que, em países de nenhuma expressão no futebol, destruíram a Argentina de Batistuta e a Alemanha de Matthäus na Copa de 94? O que, todos esses craques, tiveram em comum? A capacidade de fazer grandes Copas do Mundo. Marcados. Apanhavam. Mas davam show. Ou alguém aqui esquece de Hagi em 94?

Agora... depois de tantos craques listados... o que Ronaldinho fez que se iguale aos mesmos? Não vou discutir a habilidade fenomenal de Ronaldinho que, quando joga pelo Barcelona, dá três chapéus num zagueiro do Múrcia ou chega de frente a três defensores do Espanyol, olha para um lado e dá um lançamento perfeito para o outro. Discuto o Ronaldinho que, ao enfrentar uma Austrália em Copa do Mundo, entra na área com a bola, pisa e cai. Que não se apresenta para jogo. Marcado? Quando tem a bola, lógico que Ronaldinho é marcado. Mas Maradona não era marcado? Contra a Inglaterra ele deixou sete marcadores. Contra a Bélgica, na semi-final da mesma Copa, foram cinco jogadores deixados no chão. E o Ronaldinho? Se é melhor que Maradona, por que não faz tudo isso? E quando está livre, Ronaldinho não recebe marcação individual homem-a-homem. Recebe uma marcação por zona, a distância, enquanto um Ronaldo parado recebe dois marcadores. E, mesmo sem marcador nenhum, Ronaldinho não se apresenta para jogo - diferentemente de Kaká e Zé Roberto. Quando se apresenta, geralmente perde a bola. Com falta? Mas será que não tentavam derrubar Maradona com falta? Cadê a habilidade do Ronaldinho em dar três chapéus num zagueiro espanhol? Ou em driblar três jogadores haitianos com direito a giro, como em jogada de basquete?

Para quem diz que Ronaldinho pega a bola e a perde por que não tem ninguém para passar, Kaká está todo momento a seu lado. Roberto Carlos passa em velocidade por trás - cadê o calcanhar? Ronaldo, contra a Austrália, estava, sim, se apresentando pra jogo. Mas o Ronaldinho, das duas, uma: perde a bola ou a recua para Zé Roberto.

Vale lembrar que Ronaldinho entrou nessa Copa como duas vezes melhor do mundo e com a maior expectativa já criada sobre um jogador. Maradona soube lidar com essa responsabilidade em 90. Levou o time à final. Romário tirou esta responsabilidade de letra em 94. Foi campeão. Será que vão dizer que é responsabilidade demais para Ronaldinho? Então, por que não se apresenta para jogo? Por que não passar a bola quando Kaká e Roberto Carlos se apresentam? Por que os dribles que tanto brilham no Barcelona não funcionam?

Agora... voltemos ao Barcelona. "Ronaldinho do Barcelona não é o mesmo da Seleção"? Será? Vejamos... nos últimos dois anos, qual foi o mais importante jogo do Barcelona? A final da Liga dos Campeões com o Arsenal. Quem decidiu o jogo? Eto'o; Larsson, o melhor do Barcelona mesmo jogando metade do 2º tempo apenas; e, pasmem, Belletti. E Ronaldinho? Jogador que apareceu menos em campo. Até mesmo Gio VanBrockhorst e VanBommel se apresentaram melhor que Ronaldinho. O que há?

Será esse garoto melhor que Pelé e Maradona? Ou Ronaldinho, quando se aperta com responsabilidade, não consegue superar Zico, Sócrates, Platini, Hagi, Stoichkov e Cruyff? - Eu adoraria saber a opinião de Cruyff sobre Ronaldinho.

Com os títulos pessoais que Ronaldinho soma, mesmo que ele jogasse bem, ainda estaria ruim. Ronaldinho tem obrigação de dar show, porque Maradona o fez em 86, Pelé o fez em 58 e 70, Cruyff o fez em 74. Argumento que o futebol moderno não é o mesmo de 20, 30 anos atrás? OK. Não é. Então, fica um exemplo recente e convincente: Rivaldo, aquele que sempre fracassava com a camisa da Seleção, que não era pelo Brasil o que era pelo Barcelona, aceitou sua responsabilidade e deu show em 2002 pela Seleção Brasileira. Então? O Ronaldinho não vai convencer? Não vai atender às expectativas e jogar a Copa do Mundo como o Melhor do Mundo? Que pena. Isso parece muito pouco para quem pretende superar Maradona, Pelé ou até mesmo Rivaldo.

Fico com o José Trajano, da ESPN Brasil. Jogando dessa forma, Ronaldinho proporciona uma das maiores decepções das últimas Copas do Mundo. Não pelo título, porque pode vir ou não. Mas pelo que esse garoto vem jogando. Ou alguém considera aquele Zico de 82 uma decepção? Bom, perguntem aos ingleses que chamaram aquele time de "Magic Middlefield". E esse de hoje em dia? Está sendo mágico? Só se for quadrado de um lado só: o Kaká.

Cadê o Ronaldinho?
thiagoleal | 4:22 AM |
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